quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Uma visita ao "Edgar Proença"

Não concordo com a Fifa. Não concordo com a CBF. Não concordo com essa Copa Roca, nesse instante. Não concordo com Mano Menezes e sua seleção cheia de negócios. Não concordo com a seleção de Mano Menezes que sequer tem esquema tático. Não concordo com o beija mão a Ricardo Teixeira (argh!). Não concordo com o futebol local. Me emocionei com o público entoando o hino nacional. Eu estava lá, cantando. Não concordo com nada do que está aí, mas resolvi atender ao convite da Vivo para assistir a partida entre Brasil e Argentina, ainda que ambos sem equipe titular. Há muito não ia a um estádio. Comecei muito cedo, sentado, quietinho, ao lado de meu pai, irradiando, e Grimoaldo Gonçalves, comentando. Adiante, o velho passou a comentarista e ao seu lado, desde Jair Gouveia, Cláudio Guimarães, Zaire Filho, Edgar Augusto, Abias Almeida e alguns outros que agora esqueço. Ali, aprendi a ler o jogo, entender o que se passava. E tudo isso sem esboçar qualquer emoção, para não prejudicar a narração. Com meus amigos, fui algumas vezes às arquibancadas. Muito pouco. Já adulto, passei a ir apenas nos clássicos. Adiante, por diversos motivos, comecei a escrever sobre futebol em A Província do Pará. Logo depois, fui chamado para comentar jogos para a equipe da Mais Tv, primeiro com Edson Matoso, depois com Paulo Cecim, de saudosa memória. Quando isso acabou, deixei de ir aos estádios, vendo somente na televisão. Nos dias de hoje, desde campeonato russo, inglês, francês, holandês, alemão, português, espanhol e até argentino, além do brasileiro. Com as tecnologias, acostumei com o replay, com outros ângulos, com o som ambiente, com tira teima. Por isso, ao ficar confortavelmente instalado nas cadeiras do Mangueirão, senti falta, senti distância. Não ouvia o som ambiente, talvez porque havia apenas uma torcida. Às vezes a jogada ficava distante demais. Quem é? Quem entrou? Não tem replay da jogada? E nos momentos de perigo, aquela multidão de pé, gritando. Parem de gritar! Futebol é para ser desfrutado, analisado, percebido, entendido. Torcedor de tv ou de cabine, é o que sou. Por outro lado, que lindo o estádio iluminado, lotado, cantando. Os jornalistas queixaram-se do gramado. De onde eu estava, não percebi tanto, fora alguns buracos. Não era para isso. Não havia jogos por lá. Enfim. Mas com o foco totalmente ampliado, diferente da tv, disse a meu irmão, quando Lucas recebeu o passe, que seria gol. Além de conhecer suas características, a ampla visão deixava claro que ele não sofreria nenhum assédio até o chute definitivo. Também é interessante ouvir o comentário das pessoas, a maioria cheia de absurdos, mas que fazem pensar. A ida ao Estádio demorou uma hora e meia. Para voltar, rompendo a confusão local, o caminho estava tranquilo. Claro, há uma emoção fortíssima no estádio, no testemunho do que acontece, mas confesso que minha chaise, minha tv digital com suas ofertas me atraem muito mais. Ou ainda há muito a fazer. Meu filho passa uma temporada em Londres onde já compareceu a dois jogos do seu Arsenal. Comenta as facilidades, o conforto e a ampla visão de qualquer lugar. Conta também que qualquer coisa é vendida e tem o símbolo do clube, que fatura. E não é assim? Uma iniciativa particular, com milhares de gastos. Pois no "Edgar Proença", em certo momento, o locutor anuncia que houve um total de 15 mil pessoas não pagantes. Oi? Como disse? Isso mesmo. Um escândalo sem tamanho. Como pode uma iniciativa particular sobreviver com 15 mil não pagantes? É essa a capacidade do Baenão, da Curuzu, sei lá. Não dá para entender.

2 comentários:

Francisco Rocha Junior disse...

Não seria o Grimoaldo Soares, Edyr?

Acho a atmosfera do estádio de futebol fantástica. Quando o jogo é bom, claro.

Abs.

Edyr Augusto Proença disse...

Claro, amigo, Grimoaldo Soares, que não somente brilhava como comentarista, mas também como rádio ator de novelas. Vestia-se impecavelmente de camisa de linho, mangas compridas, gumex no cabelo e um bigodinho bem português. Passava o jogo chupando balinhas de menta e certamente de olho em mim que ia roubando algumas balinhas, também..
Abs