quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Conversa rica

Foi muito boa a "Conversa Barata", que realizamos ontem no Teatro Cuíra. É parte do projeto "Cuíra por Memórias", patrocinado pela Petrobrás através do Ministério da Cultura, Lei Rouanet. Tudo vai desaguar ano que vem em um musical sobre Joaquim de Magalhães Barata. o famoso caudilho que reinou por uns trinta anos no Pará e ao que tudo indica, deixou persistentes sentimentos em muitas pessoas. A "Conversa" tinha por objetivo ouvir histórias, causos do Governador, contados por gente que com ele conviveu. A platéia, considerando a falta do costume cultural que sofremos hoje, foi muito boa. E variada em termos de faixa etária. No palco, José Maria Toscano, que ajudou a organizar; Mizar Bonna, escritora, que vem de uma família ferrenhamente anti-baratista, assim como o jornalista Bernardino Santos; Edson Salame, jornalista, que na época dos últimos dias de Barata, trabalhava como jornalista na Rádio Clube do Pará e o Dr. Aurélio do Carmo, que dispensa apresentações.
Antes da "conversa", foram projetados vídeos sobre o Cuíra e seu teatro e um rápido documentário sobre Magalhães Barata. Subimos ao palco e eu passo a palavra ao Dr. Aurélio, que se diz emocionado, lagrimando, ainda sob o impacto das imagens. E então mergulhamos nos anos 50, alguns acontecimentos de antes, todos pedindo o microfone para falar. Mizar Bonna comenta o que passava por conta da família e também sobre a única derrota de Barata, para o general Zacarias de Assumpção. O Dr. Aurélio pede o microfone e diz que "Barata nunca perdeu uma eleição". Que o general Daltro, que havia presidido a votação lhe contara das irregularidades. Enfim, "Barata nunca perdeu uma eleição". Vem o jornalista Edson Salame e conta que por ocasião da votação para a criação do cargo de vice governador, o PSD, por ser minoria, "convenceu" vários deputados da oposição a votar a favor, ou seja, "comprou" deputados, ao que o jornalista Bernardino Santos protesta: todos, não! O meu pai era deputado e não foi comprado". Ih, e agora? Seguimos conversando e somos interrompidos por alguém da platéia. Um senhor de 94 anos, Aquilon Bezerra, que teve forte vida política, pede a palavra. E logo lhe vem a sensação da tribuna e ele lá, ereto, falando alto, pausado como em um discurso de improviso, defende Barata energicamente. A platéia não queria deixar ninguém ir embora, mas já estava tarde. Haverá outra "conversa". Não sei. Pode ser. Foi ótimo para a platéia. Foi ótimo para mim que agora começo a escrever o musical. Uma conversa riquíssima, essa.

2 comentários:

Marise Rocha Morbach disse...

Fiquei imaginando que sim: que foi muito rica essa reunião. A história do autoritarismo precisa ser contada de todos os ângulos. Também ouvi minha avó Doralice Fontenelle Morbach contar muitas histórias sobre Barata e Assunção. Enfim, o Cuíra está antenado com o tema. O autoritarismo que se move contra o amor de Dalila e Barata são dessa ordem. Parabéns prá vocês, eu curti muito. Boas as novidades. Um abração, Marise.

Marise Rocha Morbach disse...

Edyr, tiro o N e coloco um M; depois acrescento um P no Assunção do General Zacharias de Assumpção; minha avó Doralice iria preferir assim; Rs.
Um abraço.