segunda-feira, 22 de outubro de 2012

O Homem que venceu Auschwitz

Relatos ou mesmo ficção a respeito do Holocausto dos judeus durante a Segunda Guerra Mundial são muitos em diversos formatos. Parece que apenas aquele maluco do Ahmadinejad afirma que é uma mentira. Mas confesso que fiquei emocionado, impressionado com este livro, escrito por um sobrevivente, Denis Avey e Rob Broomby, repórter da BBC.
Denis alistou-se e começou a lutar na África. Prisioneiro, acabou em um navio que foi torpedeado. Pulou no Mediterrâneo e chegou à Itália, onde foi novamente feito prisioneiro. Por tentar escapar por duas vezes, foi castigado e passado adiante, em campos de prisioneiros de guerra. Acabou em Auschwitz, embora não na mesma condição dos judeus, estes, levados para lá com o intuito de assassinato em massa, mas antes, aproveitando os mais sadios em trabalho escravo e aniquilador. Denis estava com outros prisioneiros de guerra e também fazia trabalhos forçados. Sua alimentação era melhor, bem como acomodações. Impressionado com a brutalidade, a falta de qualquer humanidade e a motivação para o assassinato, por qualquer motivo, ou sem qualquer motivo, chegou a trocar duas vezes de identidade com um judeu, de tal forma a dar a ele uma noite de "conforto" e a ele a chance de observar tudo o que ouvia falar sobre a chacina cometida no campo de concentração. Seu relato deixa qualquer um nervoso, revoltado com tanta selvageria. Hitler, Himmler, os comandante, mas sobretudo o alemão nazista comum, soldado, como um que ao se irritar ouvindo o choro de uma criança, no colo da mãe, esfomeada, assustada, de madrugada, chegando em um daqueles trens, volta-se e desfere um potente murro na criança, matando-a. Assim, simples. Com o fim da guerra e a chegada dos russos em Auschwitz, levam os prisioneiros em coluna para um lado e os judeus para o outro. A marcha da morte. Denis conseguiu escapar, desta vez. Volta para casa e não consegue falar sobre o assunto. Sobre o que hoje se conhece como Stress Pós Traumático. Pior, todos queriam ouvir histórias de glórias e não a de um prisioneiro e pior, sobre a chacina em campos de concentração. Afinal, era um absurdo crer que isso poderia ter acontecido. Denis casou, descasou, voltou ao trabalho e os problemas continuaram. Tuberculose espalhada pelo corpo. Ficou quase dois anos em um hospital, recuperando-se da cirurgia. Seu corpo recusava-se a fechar o corte na barriga. Depois, perdeu um dos olhos, por câncer. Em Auschwitz, um rapaz, judeu, disse qualquer coisa e foi espancado até morrer, por chutes e golpes de rifle. Não conseguindo suportar, Denis insultou o guarda, que lhe deu uma forte coronhada no olho. O golpe veio cobrar a conta. Incrível como quase 60 anos depois foi que conseguiu relatar o que viu e ser recebido pelo Primeiro Ministro da Inglaterra, com a medalha Herói do Holocausto. Estava com 93 anos, há dois anos atrás. Espero que ainda esteja vivo, muito vivo e a cada dia de vida, seja mais feliz, mais vivo. Sinceramente. O livro é da Editora Nova Fronteira.

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