quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Mulher pra mim é igual picanha

São Paulo quente é algo difícil de suportar. Todo o concreto, asfalto e ferro da cidade grita calor e passamos mal. Mesmo assim, à noite, a avenida Paulista está lotada como um Círio, como uma pracinha de Salinas, em julho. Há decoração, seja da Prefeitura, seja da iniciativa privada. Polícia atenta, ausência completa de camelôs, pedintes, somente as pessoas caminhando, com a família. Subo ao meu apartamento no hotel e o cartão havia desmagnetizado. Desço. Antes do térreo (aqui chamado "lounge"), entram três mulheres nervosas, muito nervosas. O que aconteceu? Um assassinato. Um homem acaba de matar outro a facadas! O elevador desce. Elas estão assustadas. Pergunto se não vão descer. Não! Queremos é subir! Eu desço. Uma desgraça. Nelson, encarregado da manutenção, me conta: aqui, passamos mais tempo juntos do que com nossas famílias. Ficava aquela coisa de um chamar de corintiano perdedor pra um e o outro de porco palmeirense rebaixado, essas coisas. De repente, o ajudante de cozinha puxa a faca e mata o chef. Eu, que nada sabia, fui entrando na cozinha e vejo o homem caído, em uma poça de sangue. No térreo, todos nervosos. Em instantes, carros de polícia, sirenes e até equipes de tv. Que pena, uma desgraça próxima ao Natal.
Circulo por livrarias, todas lotadas, repletas de livros e gente. Penso na minha terra e fico triste. Descubro meu Selva Concreta nas estantes. Encontro com Cacá Carvalho para botar o papo em dia. Elias Andreatto passa para duas palavras antes de subir ao Teatro Cultura com seu "Andante". Cacá atarefado com sua Casa Laboratório, viaja no dia seguinte para Sorocaba onde faz seu novo espetáculo sobre Pirandello. Agora chove em SP. Graças a Deus. Andamos pela Paulista, papeando. Foi quando lembrei do motorista do taxi. Passamos por um outdoor da revista Glamour com bela modelo na capa. Comentei que a vira na véspera, na Livraria da Vila, em evento de lançamento da edição do mês. Que ficara impressionado com sua magreza. Com seus braços, extremamente finos. Ele me diz "isso é coisa de veado que não gosta de mulher e bota essas magrelas pra desfilar. Doutor, pra mim, mulher boa tem que ser igual a picanha. Precisa ter aquela gordurinha...

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