quarta-feira, 6 de agosto de 2014

DIA DOS PAIS

Espero que neste domingo todos possam abraçar seus pais e dizer o quanto os amam. Eu, que sou pai, não tenho mais o meu, presente, fisicamente. Mas quanto eu gostaria de dizer-lhe “eu te amo”. E pai nem precisa ser biológico e sim aquele que cria, encaminha, ensina, dá diretrizes de vida. Nem eu, nem meus irmãos sofremos por ter nomes de nosso pai e nossos avós. Minha mãe acrescentou Augusto, para evitar os “Filho e Neto”. Como foi grande esse meu pai! Crianças, pouco podíamos conviver, tantos seus empregos para nos garantir a melhor Educação. Aos poucos, passei a frequentar os campos de futebol em sua companhia. Aprendendo os segredos, a postura. Depois, até nas “peladas” estávamos juntos. Aprendendo, sempre. Quando adolescemos, foi como se ele também voltasse na idade, discutindo os assuntos, incluindo-nos em tudo. Voltou a tocar violão, ele que na mocidade fez parte de grupo musical famoso. Sua primeira parceria foi comigo, nesta fase. Depois o Edgar veio com o ressurgimento do Quem São Eles. Fiz a letra, ele a música e vencemos o festival de samba enredo. O jornalista agora comentava para o rádio, jornal e até televisão. Escreveu livros. Comprou um computador. E contava piadas. Como contava! A ida e a volta ao Palácio do Rádio durava horas, pois parava de dez em dez metros para encontrar amigos e celebrar a vida. Adorava o Círio de Nazaré. A casa enchia de amigos. Bebida, somente após a Santa passar. E vinham os violões e virava festa. Gravou discos com sua obra. Juntou-se a companheiros de seresta, formaram um grupo. Mais discos e show. Meu pai, no palco. Também fazia dupla com minha mãe. Muitas parcerias.
Não era caloroso nos gestos. Tomava-lhe a benção em datas importantes. Falava com os olhos. Assistia minhas estreias nos teatros, lia meus livros. Não era bem a praia dele, que preferia a música, mas dava força. Sabia que era importante. Aposentado, passava em minha sala nos finais da manhã para botar a conversa em dia. Às vezes vinha com amigos que após sua morte continuaram frequentando a sala e recebendo a mesma atenção. Era um mestre da palavra. Gostava da harmonia, talvez seu segredo para ser tão admirado no mundo competitivo do futebol. Formou equipes inteiras de radialistas que até hoje continuam seu trabalho, mantendo a mesma seriedade.
Sinto sua ausência física. Nós o perdemos repentinamente. Ele ainda tinha muito a dar. Penso nele o tempo todo. Consulto-o a cada instante. Como ele agiria? Passo nas esquinas pelas quais caminhava todos os dias e o vejo contando suas anedotas, ao final, batendo no ombro do ouvinte, gargalhando.

Às vésperas de seu falecimento, quando já não se comunicava, me despedi. Fiz o que nunca havia feito antes. Passei a mão nos seus cabelos, fiz um carinho e disse adeus. Ele foi um gigante para mim. Levo seu nome com muito orgulho, apesar de não conseguir chegar a seus pés. Escrevo em prantos. Neste domingo, estarei com ele em pensamento. Não o tenho mais aqui. Mas se vocês tiverem pai, biológico ou não, façam como faço com meus filhos e neto. Beijem e digam que o amam. Eu te amo Edyr Paiva Proença.

Nenhum comentário: