sexta-feira, 8 de agosto de 2014

OS BONS TEMPOS VOLTARAM?

Assisti aos primeiros capítulos da novela “Boogie oogie” e me peguei revivendo uma época muito boa, quando a “discotheque” era o gênero mais badalado no mundo. Penso que difícil mesmo é imaginar a vida sem computador e celular. Ainda na madrugada de domingo, Serginho Groismann fez um programa homenageando os anos 90 e fez a plateia delirar ao mostrar um “Startec”, o primeiro celular, da espessura de um tijolo.
Nos anos 70, trabalhava na Rádio Clube, onde tinha alguns programas como “Gente da Pesada”, nas manhãs de sábado, “Mr. Moonlight”, nas madrugadas e “Sábado Gente Jovem”, juntamente com Janjo, Edgar, Rosenildo Franco, Ricardo Albuquerque, Tarrika e Gilvandro Furtado. O programa lançou em Belém o filme “Embalos de Sábado à Noite”, aquele que imortalizou John Travolta e deu uma nova vida aos Bee Gees. Mas a discotheque começou bem antes, nos Estados Unidos, através de programas de tv como “The Sound of Philadelphia” e “Love Train”, onde grupos vocais e cantores interpretavam sucessos acompanhados por grandes orquestras. Havia “The Love I Lost”, com Harold Melvin & Blue Notes e “Love Train”, com O’Jays. E vieram Gloria Gaynor, The Trammps, Commodores e mil outros que faziam o mundo dançar com ritmo dançante e acima de tudo, melodias gostosas e instrumentais poderosos.
Aqui em Belém, várias casas noturnas tornaram-se locais movimentados, ao som de Janjo, Tarrika, Alberto Pinheiro, Dom Floriano, Fiapo, Jimmy Night e outros que esqueço agora. Entre as casas mais famosas, creio que o Signo’s Club foi a mais famosa, com grandes festas onde se bebia um vinho chileno chamado Tocornal, que nem sei se ainda existe. Eu e Floriano tínhamos a loja 33 ¼ que virou point dos djs e fãs da música. Havia quem comprasse dois exemplares de cada disco, um para usar, outro para guardar e não gastar, uma vez que ainda era o tempo do vinyl. Não, não havia satélite, de maneira que fazíamos assinatura de revistas como Billboard e Rolling Stone. Chegamos, na época, a ter conta em um banco americano, que enviava semanalmente os lançamentos. Muito tempo depois pudemos assistir em filme, os grupos e cantores que amávamos em performances de palco. Foi uma corrente tão forte que artistas como Paul McCartney e Rolling Stones lançaram singles com ritmo dance. O mesmo aconteceu com Queen, a banda do Freddie Mercury. Fazíamos remixes por conta própria, usando gravadores de rolo, mais tesoura e fita isolante. Ficavam perfeitas.

Adiante, vieram as experimentações com teclados eletrônicos, a partir de Donna Summer e o alemão Giorgio Moroder, o que aos poucos, por questões econômicas (grandes orquestras custam caro) e também pela novidade, foram fazendo surgir outras estrelas, inclusive galera chic de NY, como Blondie. Veio o dance eletrônico, à base de bpm (batidas por minuto), facilitando as mixagens, sem espaço para erros que eram chamados, com bom humor, de “cavalgadas”. Muito fácil. Difícil era, na festa, no alto astral e na pressão, mixar com sucesso. Perguntem ao Tarrika. Assim como a Jovem Guarda, Belém adora um flash back. Até hoje, festas homenageando a discotheque lotam por tiozinhos que reviram os olhos ao som de “Disco Inferno”, por exemplo. Ih, esqueci Barry White, que além de seus discos, produzia um grupo feminino, Love Unlimited. Era bom. Será que a força da televisão trará de volta esses sucessos? Acho que tudo é possível, menos o retorno da máquina de datilografar e o telefone com fio. Mas que é uma boa idéia, não dá para discordar.

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