sexta-feira, 21 de novembro de 2014

TOO OLD TO ROCK AND ROLL

Robert Plant acaba de negar mais uma reunião da lendária banda Led Zeppelin. Deixou de receber alguns milhões de libras dos patrocinadores. Na última vez que o grupo tocou, na Inglaterra, o resultado comercial foi esplendido, gerando cd e dvd. A desculpa de Plant, frágil, é a preocupação com sua carreira solo – acaba de lançar mais um disco. Penso que o real motivo é o declínio de sua voz, com a idade. Eles todos estão nos 70 anos. Enquanto os demais se divertem tocando seus instrumentos, com amplificadores atuais e todos os outros eletrônicos que facilitam a vida, Plant tem apenas a voz. Era uma voz! No auge, sua figura no palco, cabeludo, bonito, sem camisa, calças apertadas e atingindo tons agudos, era de uma octanagem sexual altíssima. Na reunião passada, fora toda a vibração por vê-los novamente juntos, vamos combinar que na maioria das músicas, Plant optou pelos tons mais baixos, variações vocais, fugindo dos agudos, o que alcançou, razoavelmente, nas duas ou três últimas canções. Já são passados oito anos, creio. A velhice cobra. O show business, na falta de novos astros que reúnam gigantescas plateias, chama de volta os velhos heróis. Há quem aguente o tranco. Os Rolling Stones são o exemplo, mas diga-se, Mick Jagger está inteiro, aos 70 anos, com energia de sobra. Paul McCartney arrisca-se nos agudos. Alguns falham, mas vai tudo na emoção. Lembro de uma frase célebre, escrita por Pete Townshend na primeira música de sucesso do The Who: “Hope I die before I get old”. Estou lendo a biografia de Pete, rapaz pobre, molestado sexualmente na infância, aprendeu a tocar guitarra, a compor, sempre sonhando com uma ópera e hoje, pretende, com Roger Daltrey, encerrar a carreira faturando algum com cd e show. Já não há mais John Entwhistle, nem Keith Moon. Eles ficaram velhos e continuam tocando. O Yes é outro exemplo. A banda utiliza no momento um cantor especializado em imitar Jon Anderson, que após problemas médicos, não alcança mais as notas mais altas. Tempos difíceis para cantores veteranos. A galera dos instrumentos se esbalda enquanto eles sofrem. Quem envelhece, morre, diz “Oblomov”, em uma peça russa. Como pode rock and roll com septuagenários? E fico lembrando de como amávamos nossos ídolos, sem nunca ter assistido sequer um show deles. Jimi Hendrix, para mim, veio em Woodstock, o qual assisti sete vezes. Passava um vídeo clip, em película, muito antes da MTV. A geração atual tem tudo à disposição, mas me parece estar criando pouco. Garotos passam uma tarde ouvindo a discografia dos Stones e depois vêm dizer que sabem de tudo. Nós tínhamos um disco por ano, o qual escutávamos sem parar. Conhecemos ate hoje a ordem das músicas. Nas capas não vinham as letras, o que começou com Sgt Pepper. Estou ouvindo Steve Hackett, o lendário guitarrista do Genesis, há muito em carreira solo. Gravou e fez turnê tocando sucessos antigos da banda. As execuções são um primor instrumental e nos vocais, alguns convidados. “Play me my song”, em “Musical Box”. Muitas outras. A vantagem é o som, excelente, encorpado, forte, instrumentos melhores. Robert Plant pode ter ficado envergonhado, também, de cantar hits, digamos, juvenis, como “Whola lotta of love”, por exemplo. O U2 ainda sobrevive, mas seus integrantes são, hoje, senhores ricos, cuidando de suas famílias. E você, quem acha ser “too old to rock and roll”?

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