sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

THE WALL - DOCUMENTÁRIO

Acabo de assistir ao documentário “The Wall”, sobre o show de Roger Waters, que percorreu quase o mundo inteiro e novamente fiquei extasiado. Assisti ao show em São Paulo e renovei minha admiração. Nele, fiquei sentado muito próximo ao palco, o que foi ótimo e também ruim, porque as grandes cenas, as grandes projeções, não puderam por mim ser apreendidas totalmente, o que agora consegui. Como novidade, a visita aos cemitérios onde estão o avô e o pai, mortos na Primeira e Segunda Guerra Mundial. Há conversas interessantes, Roger, filhos e netos juntos. Há cenas de bastidores onde se percebe o tamanho do espetáculo, a precisão dos músicos, cenários, luzes, projeção, operação de infláveis. E não há como não se emocionar. Talvez desse a vida para ser David Kilminster, o guitarrista que do alto do Muro, contemplando aquele mar de gente, sola belamente “Comfortably Numb”. A emoção é enorme. A plateia chora, canta, grita, sente a guitarra. Daí para as lágrimas, um passo. Mas agora me pergunto, o que é “The Wall”? Comprei em vinil o álbum duplo, com ilustrações geniais de Gerald Scarf. Assisti ao filme dirigido por Alan Parker. Vi “Another brick on the wall” chegar aos primeiros lugares das paradas. E também a briga que acabou com a banda. A verdade, por mais dura, é que a cabeça de Roger estava bem adiante e os companheiros não conseguiam acompanhar. Impaciente, foi afastando os colegas. Músicos de estúdio gravaram muitos trechos. Havia, por vezes, dois ou três estúdios gravando. E depois de tanta briga, o produtor Bob Ezrin levou as fitas para casa, onde passou um final inteiro montando, digamos, o setlist que escutamos. Há de tudo. Uma faixa diz “Fear builds walls”. O medo constrói muros. Há crianças oprimidas por professores. O artista pop, comandando uma multidão, com marchas militares, uniformes com símbolos, fazendo um ditador. O poder do artista diante da massa. O sofrimento de quem, após encantar as pessoas, fica sozinho em um quarto de hotel, sem ninguém para lhe dar carinho, amor. As drogas. Você precisa acordar e ir para o palco. Há milhares de pessoas esperando. Há a morte do pai de Roger, em Anzio, na Segunda Guerra. Há o grito pelos que morreram em guerras absurdas. Até o brasileiro Jean Charles é citado. Tem mamãe te protegendo de tudo, construindo um muro ao redor do filho. A banda é formada por veteranos competentes. Mesmo entusiasmados, nem chegam a suar. Tudo é feito de maneira eficiente. Roger, já nos 70, comanda, canta várias, toca baixo, está em tudo. E há David Kilminster e Snowy White, guitarristas maravilhosos, repetindo David Gilmour. Agora, fora uns dois ou três discos solo sem grande destaque, o que fez Waters esses anos todos? Uma ópera pouco divulgada.

E o que faz David Gilmour, seu par no Pink Floyd? O guitarrista ocupou as páginas das mais famosas publicações de música com seu disco novo, “Rattle that Lock”. Fui ouvir e me decepcionei. Tudo bem tocado, a guitarra lendária está lá, mas as músicas não passam de boas introduções, duas ou três canções mais ou menos e pronto, acabou. Eles nunca vão concordar, mas a química que existia entre os dois funcionava maravilhosamente. Gilmour ainda gravou sem Waters um disco do Pink Floyd, apenas razoável. E seus discos solo são muito fracos. Milionários, lendários, mas um, sem o outro, nada. E nós é que perdemos. São humanos. Lennon & McCartney, somente para dar um exemplo. O dinheiro, stress, showbizz, família, drogas, bebida. É difícil. Agora é tarde. Eles nunca vão voltar.

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