sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

A REPÚBLICA DA AMAZÔNIA

Por pura coincidência, fiz há poucos dias uma provocação ao amigo Lucio Flavio Pinto. Que aconteceria se o Pará se separasse do Brasil, virando uma república independente? Não é nenhuma idéia nova, mas neste instante em que tudo o que temos é levado embora e nossos políticos não parecem ter nenhum preparo para nossa defesa, é uma boa indagação. É que peguei para ler “Conceito Zero”, autoria de A. J. Barros, lançado pela Geração Editorial, que parte da possibilidade de uma república da Amazônia, formada por Mato Grosso, Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima, Amapá e Pará. O autor trabalha uma teoria conspiratória que grandes países como Estados Unidos, Inglaterra, França, Holanda e outros, a partir da instalação de ONGS em nossa região, estejam, aos poucos constituindo bases para uma futura tomada do espaço, pensando em oxigênio, riquezas e alimentação, por exemplo. Elenca o tamanho das reservas indígenas e suas possibilidades. Explica a fragilidade de nossa segurança, bastando navios de grande porte e armamento se posicionarem na baía do Guajará e na nascente do Amazonas para bloquear qualquer resistência. Que já há pistas de aterrissagem prontas a receber aviões de guerra. No caso do livro, há uma quadrilha que pretende se antecipar a esses países, para dominar o território. Que já teria havido conversas com os governadores, apresentando promessas interessantes e que a maioria já concordava. Os militares, sabendo da possibilidade, não informariam a Presidência da República, por considerarem temeroso se aliar a pessoas que recentemente lutaram pela implantação do comunismo no país. Será isso possível? Interessante para discutir, é. A região sofre com o descaso há muitos anos. O Pará, por exemplo. Nossos políticos não têm preparo para governar. Temos o tamanho de um país e riquezas brutais que vêm sendo levadas para outros lugares, sem uma contrapartida à altura. Regiões como o Marajó sofrem da maior miséria possível. Há, sem que se possa discordar, um sentimento de separatismo do sul e nordeste que deixaria a região próxima a Belém com a parte mais pobre. Tudo em função da falta de governo, de idéias, de desenvolvimento. Temos tudo e estamos entregando tudo. E se viesse uma República da Amazônia? Seríamos a capital ou Manaus, por ser mais central e não tão vulnerável quanto Belém seria escolhida? Mas no Pará podem estar as maiores riquezas. Sei lá. Boa provocação. Qual seria a nova moeda? Euro, dólar, rublo, yen? O Brasil se sujeitaria a perder seu almoxarifado? A pagar pela energia que consome? A deixar que toda a riqueza que retira mudasse de mãos? E como reagiria? Tem Forças Armadas para isso? Haveria um movimento de resistência, daqueles contra a nova situação? Novos passaportes? Nova nacionalidade?

Quanto ao livro de A. J. Barros, com todo o cuidado para não ferir a ética, perde-se no meio das possibilidades anunciadas. Três personagens conseguem vencer a quadrilha que tentava se apossar. Passam pelas capitais, incluindo Belém, na época do Círio, com cenas de ação. Visitam fortes construídos pelos portugueses, alguns em ruínas, outros como o forte São José, em Macapá em boa conservação. Serviços secretos como CIA e FBI participam da trama que revela-se pueril. Mas a provocação, a teoria conspiratória é digna da curiosidade e me fez ler até o fim. E se?

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