sexta-feira, 6 de maio de 2016
NOSSOS SABADOYLES
Às
sextas, os restaurantes da cidade ficam lotados. Turmas e turmas de amigos se
reúnem para longas refeições, combinadas com vozes e risadas altas. Sei de uma
turma que reúne sempre às quintas, lá no Capone, contando inclusive com a presença
do Dr. Aurélio do Carmo. Eu também já tive uma turma. Éramos seis e também
almoçávamos juntos, não lembro qual o dia da semana. Discutíamos sobre livros,
música, teatro e política. Havia muito o que conversar. Penso que era final dos
anos 70, começo dos anos 80, uma virada de geração em várias áreas. O tempo, a
vida acabou nos afastando um tanto, apesar de ainda sermos amigos. Pena. Era
muito bom. Mas agora, creio que uma nova turma está se formando, com sua
própria cara, todos tendo o gosto comum pela Literatura. A base está com
Salomão Laredo, o escritor, que fez a “Feira do Salomão”, com todos os seus livros
a preços promocionais. A partir daí, talvez o vento, a chuva, os senhores do
tempo, foram reunindo um grupo de amigos, que costumavam frequentar a Livraria
Fox, no que deu na primeira FLiPa, que tanto sucesso já obteve e que tem nova
data assegurada, para o terceiro final de semana de outubro. Por conta de
reunir e decidir sobre Prêmio Fox, Prêmio Nobre, Patrono e outras questões,
começamos a nos encontrar às nove da manhã dos sábados. Pela FLiPa, Deborah
Miranda e Marcos Eluan. Por nosso lado, Salomão Laredo e sua Lígia, Andrei
Simões e Camila Andrade, Roberta Spindler e este locutor que vos fala. A
reunião de trabalho finda e chegam o jornalista Álvaro Martins (nosso recente
“imortal”), o advogado Flávio Oliveira (premiado com seu primeiro livro com o
Troféu Fox), Agildo Monteiro, Tenório e sua Aparecida, formando uma grande roda
para conversar sobre Literatura, para comentar um ou outro livro que leram e os
lançamentos, avidamente disputados. Ou para nem falar sobre Literatura. São,
antes de tudo, consumidores de livros. Tenório, por exemplo, nordestino
radicado em Castanhal, vem duas vezes por mês e percorre todas as livrarias da
cidade, na busca de novos produtos para sua famosa e comentadíssima biblioteca.
A FLiPa chegou até a nomear uma comissão para ir até lá, tentar conhecer de
perto, mesmo ultrapassando várias guaritas, cães ferozes e unidades do batalhão
da caveira, além de sensores que detectam qualquer tentativa de “empréstimo” de
algum exemplar. Por meu lado, posso dizer que Tenório sabe mais de mim do que
eu próprio, tamanho seu zelo em acompanhar, também, minhas peripécias
literárias. A idéia de escrever esta crônica veio sábado passado, quando
conversamos, fotografamos, pesquisamos livros e gozamos da companhia uns dos
outros. Lembrei dos famosos “Sabadoyles”, realizados aos sábados à tarde, na
casa de Plínio Doyle, no Rio de Janeiro, quando chegavam aos poucos, sem marcar
nem nada, amigos para passar a tarde conversando, tomando refrescos e comendo
biscoitos. Pedro Nava, Carlos Drummond de Andrade, Raul Bopp, e outros eram
simplesmente amigos que gostavam de se reunir. Bom, preciso dizer que não é a
única turma, a nossa, na Fox. Há um grupo com uns trinta jovens que se reúne,
ruidosamente, para falar de Literatura. E mais um outro, de velhos amigos que
no entanto, por não ter sua licença, não revelo os nomes. Pois é, nosso
“Sabadoyle”, com todo o respeito. Apareçam.
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