sexta-feira, 11 de novembro de 2016
FRANK SINATRA
Acho
que a primeira vez que prestei atenção em Frank Sinatra foi com “Strangers in
the Night”, grande sucesso. Depois vieram todas as outras. Sim, eu adoro sua
voz, seu charme, os arranjos. Uma vez vi um filme onde havia uma viúva que
matava as saudades do marido ouvindo “It was a very good year”. Talvez seja
essa a que mais goste. Já era no tempo do cd, mas estando em Nova Iorque, fui à
Tower e desci até a seção de jazz. Não sabia o título da música. Cantarolei
para um vendedor velhinho, que rapidamente me trouxe o disco. Ganhou Grammy. Disse
tudo isso para finalmente revelar que fui invadido por Sinatra. Comprei um de
seus últimos lançamentos, gravação ao vivo no Sand’s, Las Vegas, com Quincy
Jones nos sopros e Count Basie ao piano e orquestra. Na época, estava lançando
“The Shadow of your Smile”, grande hit. Olho para a estante e vejo, enfileirados,
Sinatra – o chefão” e “Frank Sinatra – A Voz”, de James Kaplan e “Sinatra”, de
Anthony Summers, livros grossos, com tudo sobre a vida do “old blue eyes”.
Pensei se encarava quando caiu no colo o documentário “All or nothing at all”,
que passa no Netflix. Preguiçoso, preferi a tela. Repleto de depoimentos, cenas
de bastidores, shows e fotos, em dois capítulos, cada um com duas horas de
duração, dá realmente toda a idéia da grandiosidade de sua carreira. O garoto
de Hoboken consegue um lugar com Benny Goodman, atravessa para a orquestra de
Tommy Dorsey e se torna o ídolo do público feminino. Fez filmes bobos, mas de
sucesso. Casado, mas sempre viajando, tem várias namoradas. A principal, Ava
Gardner, belíssima e geniosa. Viviam às turras. Vai em uma espiral que combina
com drogas e bebida. Ninguém mais queria sua companhia. O filme nega a cena do
“Poderoso Chefão”, que vai até Harry Cohn e diz a famosa frase “gonna make you
an offer you can’t refuse”, para que contratasse Sinatra. Se foi mentira, Ava
disse que também pediu por ele. Pois foi bem, ganhou até Oscar. E agora assinou
com a Capitol. Ressurgiu e as ligações com a Máfia (negadas) o levaram a ser um
dos fundadores de Las Vegas, onde fez shows e recebeu convidados. Com Dean
Martin e Sammy Davis Jr formou o “Rat Pack”. Foi muito próximo de John Kennedy
e sua morte o abalou. Veio o rock e ele foi levado de roldão. Animou novamente,
viajou, esteve no Brasil, cantando no Maracanã para sua maior plateia (o filme
não conta), chamou Tom Jobim e criou uma gravadora, Reprise. Nelson Riddle, seu
melhor arranjador, dizia que era Sinatra quem criava tudo. Ele dava o apoio e arredondava
as idéias. Também apareceu Mia Farrow em sua vida. O cara gostava de uma
confusão. Ficou careca, botou peruca e foi adiante. Fumava e bebia em cena,
embora, duas semanas antes do show, parasse com tudo. Um profissional. Um
solitário, principalmente depois do período de baixa em que raros lhe
estenderam a mão. Abandonou a carreira. Dois anos depois, lá estava de volta. E
veio com “New York, New York”, que nem precisa apresentar. Além da citada lá no
começo, gosto de ouvi-lo cantar “I’ve got you under my skin. Dos filhos, Nancy
teve um brilhareco com “These boots are made for walking”. O Jr ainda está por
aí, cantando o repertório do pai. Quando morreu, teve enterro de rei. “The
Voice” ou “old blue eyes” é eterno. Quando era criança, meu irmão Edgar ganhou
o disco com a trilha de “High Society”, um luxo com Frank, Bing Crosby, Louis
Armstrong e a futura rainha de Mônaco, Grace Kelly. Um luxo. O maior cantor de
todos os tempos? Não sei, mas seguramente passa perto.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário