sexta-feira, 19 de maio de 2017

EDYR PROENÇA, FARIA 97 ANOS

Hoje seria o aniversário de Edyr Proença, meu pai. Ele faria 97 anos. Já passaram 19 anos de sua morte, que ocorreu neste mesmo mês, no dia 5. Decidi escrever pensando nele, que me acompanha de onde está, me iluminando e mostrando o melhor caminho, como sempre. 
Sabiam que foi remador? Contou-me que o ensinaram a nadar simplesmente jogando-o na maré. Foi também grande jogador de vôlei. Tudo pelo Remo. Também campeão de basquete. Sem vaga na equipe azulina, recebeu convite do clube Júlio César. O pai, Edgar, não aprovou. Sem avisar, jogou e ganhou campeonato. No ano seguinte, foi chamado para o time do Leão Azul. 
Mais velho, havia uma pelada de veteranos no Ginásio Serra Freire. Ai de quem se atrevesse a entrar batendo bola em qualquer garrafão. Dava para ouvir as pancadas. Uma vez, a bola bate no aro. Meu pai salta para pegar o rebote. Mais alto, mais forte, um querido tio pega a bola, vira-se e como uma arma, desfere-lhe uma pancada na cabeça. Zonzo, ele olha atônito. Desculpe, Edyr, pensei que fosse o fulano (outro tio queridíssimo)! Ele também era bom jogador de futebol. Meia armador, mas nessa, apenas peladas com amigos, em vários lugares, mas principalmente no Lago Azul. Em campo de areia, mas iluminado com potentes refletores. Havia outra, aos domingos. 
Conheci e lembro de tantos amigos dele. Difícil citar todos. Cresci e passei a jogar. Lembro o dia em que parou. Já era escalado na ponta direita. Veio uma bola rápida e não conseguiu dominar. Pediu para sair. O corpo não obedecia ao pensamento. 
Desde cedo, nos estádios de futebol, sentado ao seu lado, narrando. “O tempo passa, a barba cresce”, a propaganda da Gilette Azul. Depois, comentando. Às vezes, na volta, no carro, argumentava sobre alguma opinião dele, ao microfone. Lá, não tinha nada de opinião não se discute. Nós discutíamos. Eu aprendia. Era bom. 
E a música? Sabiam que ele teve um conjunto chamado Bando da Estrela? E que minha mãe, Celeste, era a cantora? Fazia a linha do que chamamos de “Regional”, violões, pandeiro e vocais, como o Bando da Lua, de Carmem Miranda. Meu irmão tem ainda um acetato com duas músicas, de Edyr, tocadas pelo Bando. Eu as aproveitei no espetáculo dos 80 anos da PRC5. 
Depois de casado, havia muita responsabilidade. Muitos empregos. Onde estava a música? Os filhos foram crescendo. O violão, de vez em quando pegava e mostrava Noel Rosa e outros grandes. Quando Francisco Alves, o “Rei da Voz”, o “Chico Viola”, veio a Belém, escondeu-se no Teatro da Paz para ouvi-lo ensaiar “Boa noite, meu grande amor!”. Aos poucos foi chegando à Bossa Nova e sobretudo a Paulinho da Viola. Mas era algo esparso, na família. Continuamos crescendo e agora ela rejuvenescia, fazendo companhia, conhecendo os novos grandes artistas. 
Tive a sorte de fazê-lo voltar a compor. Dei uma letra a ele. Escrevi pensando em sua estética. Foi o estopim para uma carreira de compositor maravilhosa, que tem seu maior sucesso em “Bom dia Belém”, dele com minha tia Adalcinda. Juntos, fomos campeões de samba-enredo pelo Quem São Eles. Teve parceiros diversos, como Ruy Barata, Antônio Carlos Maranhão, Ronaldo Franco e minha mãe em várias músicas. Lançou um solo e mais tarde tocou com amigos no Clube do Camelo. Espero, ano que vem, mostrar um CD de inéditas que deixou. Pois é, pensando nele, meu maior ídolo, meu melhor amigo, professor. Meu pai, hoje, faria 97 anos.

Um comentário:

Unknown disse...

Um dos meus maiores e saudosos amigos, companheiro de música e de todas as horas, sempre nos reuníamos em Mosqueiro e Salinas com o também saudoso Delival Nobre 2 amigos que nunca esquecerei, e aprendi com êle as melhores piadas que sei. Que Deus o tenha.