Felizmente
não estava assistindo ao “Programa do Faustão”, semana passada, que conferiu ao
cantor trans Pablo Vittar o prêmio de melhor música do ano. É curioso que
qualquer crítica feita a ele/ela é respondida como um preconceito contra sua
condição, o que é uma bobagem. Todo apoio aos trans e que sejam felizes e
aceitos pela sociedade da melhor maneira, como merecem. Mas o cantor é péssimo.
A música também é péssima. Sua vitória vem ressaltar o profundo mau momento que
vivemos com os artistas atuais. Uma situação clara do abismo em que o país se
encontra, por conta de sua Educação e Cultura. Um poço sem fundo. Trabalho com
música, profissionalmente, desde os 16 anos. A curiosidade sempre me moveu.
Ouvir o novo. Perceber sua chegada. E foram tantos artistas! Tinha um programa
na Rádio Clube, “Gente da Pesada”. Lembro de ter lançado o “Acabou Chorare”,
dos Novos Baianos, percebendo ali, o futuro sucesso. E foi assim até alguns
anos atrás, quando percebi que algo não ia bem. Cantores inexpressivos, letras
inócuas, músicas frágeis. Pior, isso atinge inclusive artistas que ao invés do
sucesso fácil, tentam propor novos sons. Não gosto de nada. Isso me dói muito.
Como se finalmente ficasse velho, lembrando somente do passado. E os chamados
artistas mainstream? Sertanojos, Ivetes, funks. Cada vez pior. A não melodia, a
não letra, com riqueza inferior ao simples “Atirei o pau no gato”. Onde foi
parar a música popular brasileira? Nos anos 80, o rock brasileiro veio com nova
proposta poética, mais direta, simples. Era criativo e bom. Daí em diante,
degringolou. Mas a mpb ainda respira. Ou seria a mcb, Música Culta Brasileira,
aquela que tem variações harmonicas, instrumental, intérpretes e letras
poéticas? Será que é coisa de velho?
Em
um momento em que a internet domina a distribuição musical e os cds passaram ao
pen drive e sei lá mais quê, ainda queremos ouvir albuns inteiros ou somente
nos interessa o hit?
Zélia
Duncan, que há muito não lança músicas de sua autoria, uniu-se a Jaques
Morelenbaum e lançou um cd onde interpretam jóias de Milton Nascimento. O
contraste entre a voz médio grave de Zélia e o violoncello de Jaques é
maravilhoso. Escolher qual? “Ponta de Areia”, “O que será?”E quem ouvirá essa
beleza toda? Nós, os velhos?. Interessante. E o que há com Lulu Santos? Esse
show de ruindades do The Voice Brasil o influenciou? Homenageia Rita Lee em
“Baby, Baby”, errando em todas. Arranjos ruins. Voz abaixo do tom, sem
inspiração. E olha que canta todos os hits de Lee. “Desculpe o auê”, “Lança
Perfume”, tudo. Chato, Lulu, um dos maiores hitmakers surgidos nos anos 80. Gal
Costa, mais de 70 anos, arrebenta com “Estratosférica ao vivo”, onde cercada
por novos músicos, mistura sucessos de seu melhor momento, no início da carreira,
com os bem recentes. A cantora é ótima, mas quando vem “Mal Secreto”, “Hotel
das Estrelas” e outras, onde Lanny ou Pepeu Gomes registraram altíssimo padrão
instrumental, os garotos de Gal ficam inferiores. Em tempos normais, o hit
“Quando você olha pra ela, teu rosto te entrega” estaria em todas as
premiações. Maravilhoso é “Paulo Jobim e Mario Adnet, Jobim, Orquestra e
convidados”, onde são apoiados por Antonia Adnet, Luiz Pé, Daniel Jobim, Julia
Vargas, Alice Caymmi e Yamandu Costa. Como era maravilhosa nossa música! E não
há mais espaço para registrar “Campos Neutrais”de Vitor Ramil, “Mano, que
Zuera”, sensacional volta de João Bosco e parcerias com o divino Aldir Blanc. E
eu lá quero saber de Pablo Vittar? Estarei ranzinza, velho, ultrapassado ou
nosso Brasil que emburacou?
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